Proferir. Proclamar. Declarar. Amor. Nada disso me mata, sequer me
atinge, por dentro ou por fora. Não basta. É raso. Não tem osso. Não tem carne. Falta calor.
Sou
difícil de lidar. São poucos os que me suportam. Menos ainda os que sabem
conviver bem comigo. Tem que ter brio. Pedras no coração. Gelo na alma. Ninguém
consegue me traduzir. Sou única. Poderosa. Quase indestrutível.
Quando quero (e sempre quero), sou destruidora de gente. Sou
voraz. Faminta. Aniquilo pessoas. Roubo o apetite de viver. Acinzento doces
vistas. Explodo pontes para interromper caminhos. Sugo energias. Até o fim da
alma. Sem dó. Sem culpa. Estou no topo da cadeia alimentar. Elementar.
Tudo isso torna o meu antídoto ainda mais valioso. Tente me matar.
Experimente conseguir me matar. O cinza volta a dar lugar às tonalidades vivas.
Brilhantes. A voracidade da dor é trocada pela fome de ser feliz e de gozar a
vida. Mate-me mesmo. Me extermine com prazer. Com um abraço. Com um sorriso. Eu vou embora.
Até voltar numa próxima vez. Para uma briga ainda maior. Porque
você jamais aprenderá a lidar comigo, seja velho, novo, fraco ou forte. Volto
mesmo. E arranco tudo. Um dia a mais comigo é um dia a menos para você. Quando
quero. Sempre quero.
Já deu para entender a ideia. Do meu poder. Do tempo que detenho
em minhas mãos para te arrebatar e te prender em solos profundos, inatingíveis
à luz do sol.
Deixa para lá. Já dei o meu recado. Agora chega de falar de mim.
Chega de saudade.
macabro ....
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