domingo, 31 de março de 2013

O Homem que Chora


Existem homens que choram.

Não são muitos, mas eles estão espalhados por aí.

São homens com masculinidade.

Com virilidade.

Choram com a novela. Com o amor perdido. Com o amor ao lado. Com a raiva entalada.

Eles choram pela perda. Pelo ganho.

Pela tristeza, raiva ou encanto.

Choram porque podem. São livres.

Fazem e acabou.

No fundo, sabem que não são menos homens por isso.

Sabem que o peso da lágrima derramada traz a leveza da alma antes escravizada.

Choram copiosamente.

Copiam choros alheios.

Derramam-se.

Debulham-se.

Escorrem.

E, se você achar isso uma tremenda besteira, tudo bem.

Eles voltarão a chorar sem se importar.

Choram pela sua ignorância.

Pela sua ideia copiada.

Pela sua lágrima em tonelada.

Pela alma pra sempre escravizada.

Que só o choro um dia libertará.

Pode chorar.

                                                     Imagem: www.retratosdaalma.com.br

domingo, 24 de março de 2013

Seção Livro da Semana

Alô, pessoal.

Hoje é dia de mais uma indicação semanal.

Dessa vez, apesar de ser uma obra antiga, é extremamente recente em tudo que ocorre e vem ocorrendo na história do mundo.

O escolhido é: "A Revolução dos Bichos", do escritor britânico George Orwell.

A trama, como disse, é atemporal. Pode ser encaixada perfeitamente em diversas situações políticas e históricas nos dias atuais. Como o próprio título da obra sugere, tudo tem início com uma fictícia revolução dos animais da fazenda do sr. Jones, comandados principalmente pelos porcos Bola-de-Neve e Napoleão. A partir daí, as consequências dessa revolução nos mostram com inteligência e sutileza todas as questões metafóricas que se seguiram ao longo de muitas revoluções e governos existentes na realidade.


O livro, em suas perspicazes metáforas, revela uma aversão a toda e qualquer espécie de autoritarismo, seja ele em comunidades, famílias, sistemas socialistas ou capitalistas. Isso tudo em meio a uma divertida história.

Altamente recomendável. E daqui a 200 anos também será.

sexta-feira, 22 de março de 2013

Todo mundo tem um pouco*


*Texto do cronista convidado Pablo Lopez.


(Jantar em família. Comemoração do meu aniversário. Amanhã mais um dia no escritório.)
Estava lá, navegando entre pensamentos enquanto minha família discutia sobre a legalização das drogas e a como o governo só tem ladrão.
Interrompo-os, suavemente, olhando para o nada. Um tom sereno. Todos param de falar.
- Sabe o que eu sinto vontade as vezes? Ter uma crise. Dar uma louca. Ninguém sabe lidar com um homem louco. Ninguém. Louco. No dia que eu estiver mais alinhado, nó de gravata perfeito, terno com seu melhor caimento e uma camisa italiana. Nesse dia, no meio da reunião... estou acompanhando as apresentações e AAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHH.
Berro, quebrando a serenidade e chamando a atenção de boa parte do restaurante. Volto então a falar com uma voz doce:
- Viro um homem louco. Descontrolado. Bato na minha cara enquanto mastigo com raiva as Demonstrações Contábeis da Vale do Rio Doce. A primeira reação seria do meu chefe: decerto tentaria me intimidar e perguntar o que eu estava fazendo. Mas ele pararia na metade de seu ato. Veria que palavras racionais não irão ter nenhum efeito. Porque aquele homem, aquele homem que está mordendo a cara do vice-presidente jurídico. Aquele homem é um homem fora de si.
Todos se entreolham. Todos olham pra baixo. Pedimos a conta.
-Aceitam um café?
- Não. Obrigado.

Foto: www.lourdeslimeira.com.br



domingo, 17 de março de 2013

Seção Livro da Semana

Alô, pessoal!

Após a publicação do texto "A Zona", chegou a hora de mais um "Livro da Semana".

E a sugestão de hoje é: "O Fantasma", de Robert Harris.

Antes que o pessoal venha julgar o livro pela capa (ou pelo título), não, não trata-se de uma obra de terror. Pode ficar calminho aí. Neste caso, o termo "fantasma" se refere a uma expressão mais comum na língua inglesa, que é a profissão dos ghost-writers, que nada mais são do que aqueles profissionais que escrevem livros (na sua maioria biográficos) de grandes personalidades, para que o texto seja o mais correto e melhor possível.

Pois bem, feita essa rápida explanação, a trama se envolve a partir da contratação do narrador, na posição de ghost-writer do fictício ex-primeiro-ministro britânico, Adam Lang, para escrever suas memórias, num lugar isolado dos Estados Unidos, em meio a um turbilhão de escândalos envolvendo Lang com acusações de crimes internacionais.

A bem da verdade, o tal livro biográfico a ser escrito é apenas pano de fundo para um intenso thriller de suspense, que, de tão excitante, ganhou as telas dos cinemas, com o filme "Escritor Fantasma", em 2010, sob a batuta do grande Roman Polanski. Ao longo de todo o trabalho do ghost-writter, vamos caminhando juntos rumo a uma série de revelações enigmáticas e, ao mesmo tempo, estarrecedoras.

É uma bela história, que recomendo bastante.

Ah, e por fim, na própria contra-capa do livro vimos que a semelhança entre Adam Lang e Tony Blair talvez não seja mera coincidência. O que nos intriga ainda mais.



quinta-feira, 14 de março de 2013

A Zona

Que zona, mermão!

Abaixo de tudo.

Colada no mar.

Sob os olhos redentores de um pai.

Com a beleza natural da mãe.

E o calor do rei.

Amenizado pela gelada.

Andando na calçada.

E tropeçando num som. De violão.

Ou num teatro. De rua.

Num pipoqueiro.

A liberdade nua.

Que de crua nada tem.

Não tem pressa.

Nem métrica.

O metrô já vem.

Não mete essa.

Oeste e Norte, peço perdão.

Me apaixonei por outra.

Sim, aquela.

De Tom e Vinicius.

Do tempo devagar.

E daquela garota lá.

Que zona, mermão!

Acima de tudo.

Andando de bonde.

No meu coração.



domingo, 10 de março de 2013

Seção Livro da Semana

Olá, pessoal.

Aos 45 do segundo tempo, eis que o blog (que completou 1 ano de vida há 4 dias) vem apresentar o livro da semana, como prometido.

O escolhido da vez é uma obra de ficção, provocativa, de um autor não muito conhecido no Brasil: "A Companhia", de Max Barry.

A temática do livro é bem instigante, pois narra a história de Stephen Jones, um rapaz recém formado, que acabara de ser contratado por uma grande empresa, a Zephyr Holdings. Toda a sua trajetória inicial nos dá uma dinâmica bem legal e remete a questionamentos cotidianos do trabalho em escritório. Tudo isso, de uma forma leve e bem-humorada, fazendo com que o enredo prenda nossa atenção a partir do momento em que Stephen começa a perceber situações estranhas dentro da própria empresa.

Enfim, a obra é de ficção, tem um final bem surpreendente e ainda mais reflexivo, abordando assuntos sérios (como as relações de trabalho) num tom bastante leve, fazendo até com que nos lembremos da série de TV "The Office" em dados momentos.

Essa é a dica da semana. 

Aproveitem!