quinta-feira, 25 de abril de 2013

Livro da Semana - 8

Fala, galera!

Depois da minha última crônica ("Escadas" - quem ainda não leu, então leia!), eis que estamos aqui para cumprir com o compromisso para dar uma boa dica de leitura nessa semana.

E o livro da vez é da autoria do Jô Soares: "O Xangô de Baker Street".

Livro este que já virou filme, inclusive.

Você pode até não gostar muito da postura do Jô como apresentador ou humorista. Tudo bem, às vezes ele erra a mão mesmo. Mas, como escritor, tem um grande talento.

A história gira em torno de um mistério aqui no Brasil, porém com a participação especialíssima do detetive mais conhecido de todos os tempos: Sherlock Holmes. O que teria feito o grande detetive parar aqui? O sumiço do violino Stradivarius, de ninguém menos que Dom Pedro II! Em paralelo, uma onda de assassinatos assola o Rio de Janeiro da época, confluindo tudo para a investigação.

Misturando suspense, política e humor refinado, o livro traz passagens épicas e divertidíssimas, além de um final muito surpreendente. Muito agradável a mistura que Jô realizou na obra, e é esta a dica do "Eu, Cronista". 

Vão correndo ler!


domingo, 21 de abril de 2013

Escadas


A humanidade precisa de grandes homens. E precisa de grandes babacas. Tudo grande. Tudo em doses extremas. São os santos e os vilões. O oito e o oitenta. Isso pode ser legal, até divertido, competitivo. Mas é extremamente perigoso.

Aqui no Brasil (falarei especificamente daqui porque é onde conheço bem), tem-se o costume de colocar nomes pomposos em ruas, estádios, praças públicas, dentre outros, para homenagear grandes pessoas. Gesto bonito, se não fosse um pequeno problema: quem é que julga a grandeza e o merecimento dessas pessoas?

Vamos caminhar com alguns exemplos práticos. Estamos entrando agora no mês de maio e, dentre milhares de lembranças merecidas ao dia das mães, um ou outro lembrará que a Lei Áurea (aquela que aboliu a escravidão) foi assinada neste mês. Quem assinou? Princesa Isabel, vocês sabem. Virou nome de rua, na zona sul do Rio, importante e imponente. Bonita lembrança e tal, mas será que ela merecia mesmo tal honraria? A verdade é que Isabel somente assinou a lei. Não era politizada e não tinha o menor interesse por nada do assunto. Fez o que lhe pediram. Muita gente esteve envolvida nisso, lutou de verdade para abolir a escravidão, mas todos foram esquecidos pelo caminho. São as escadas da história.

Eis a questão: os fatos históricos adoram uma grife. Barões, príncipes, princesas, generais, presidentes, imperadores. Todos são comumente citados, com seus nomes, sobrenomes, pedigrees, biografia e contexto. Sempre eles destacados, com o “povo” vindo atrás, de acessório, sem nomenclatura definida. Sem importância detalhada. Mas nós gostamos disso. Adoramos aumentar os feitos de pessoas carregadas com sua marca tarimbada. Tudo agora é genial, se vier de alguém com mídia.

Assim vimos também a questão das vilanias. Tudo bem que Hitler se empenhou muito para ser o grande antagonista da humanidade que se tem notícia, mas vejamos, por exemplo, líderes atuais transformados em santos e diabos, dependendo apenas da dose de paixão ou ódio que for incluída no seu caldeirão ideológico. A morte de Hugo Chavez trouxe à evidência esse embate louco e carregado de emoções muitas vezes injustificáveis sob o ponto de vista da razão. E não precisamos refletir muito para lembrar de outros tantos seres que vêm sendo alvo dessa discussão “mitológica”, principalmente nas redes sociais: Joaquim Barbosa, Lula, Senna, Fidel Castro, Neymar, Obama e por aí vai.

Mas, calma lá. Vamos parar, pensar, estudar e entender, né? Às vezes, respirar faz bem. Oxigena o cérebro e traz a verdade.

Esse é o problema: a verdade é que não há verdades absolutas, nem me proponho a buscá-la sobre o assunto. Não sou antropólogo, sociólogo, nada disso. Só acho curiosa a necessidade de nos agarrarmos, às vezes com fé cega, aos grandes ícones da humanidade. Nem sempre paramos para refletir se esses ícones merecem mesmo o status, se a escada deles não teve sua importância (lembram do filme “O Discurso do Rei”?), se eles mesmos foram tão santos assim.

A vida real não é uma novela, com Ninas e Carminhas. Mesmo porque, até mesmo para estas duas personagens, foi necessário o reforço brilhante de outros personagens, de outras histórias, outras falas e outro emaranhado de situações construídas em torno de tudo.

É disso que a história é feita: de muita gente. De muita carne, muito osso. Muito suor para subir.

Porque, para descer, é mole: todo santo ajuda.




                                                       Ilustração: www.gostodeler.com.br

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Seção Livro da Semana

Quem não gosta de música?

Pois é, está aí uma pergunta que dificilmente acharemos candidatos a responder. Todo mundo gosta.

O livro dessa semana, então, tem tudo a ver com música: "Música, Ídolos e Poder - do vinil ao download" é a biografia de um dos maiores nomes do mercado musical brasileiro: André Midani.

Este francês radicado no Brasil nada mais foi do que um dos grandes produtores de nossa época. 

A sua biografia, portanto, traz deliciosas histórias, algumas mais antigas, outras bem recentes, mostrando o lado humano no mundo artístico, além da enorme nuvem de ego que paira sobre (quase) todos os envolvidos no ramo. Ao longo do livro, temos situações envolvendo Caetano com o pessoal da Tropicália, Chico Buarque, Tim Maia, Roberto Carlos, João Gilberto, Bob Dylan e muitos outros.

Aliás, Midani mexe com tanta gente em seus causos que, inclusive, foi proibido por ordem judicial de vender a obra por uma das famílias citadas no livro. Até por isso (e já mostrando estar adequado ao subtítulo da biografia), o autor disponibilizou para baixar de graça o livro, como uma forma de propagar toda a sua vivência sem desobedecer a ordem judicial. Vale a pena dar uma lida.


Boa leitura! E vamos ouvir alguma coisa depois?



domingo, 7 de abril de 2013

O Gênio


Era uma vez um sujeito chamado Silvério.

Um dia, ele estava andando por aí, pensando na vida sofrida, sem muito se importar com o caminho. Claro que o nobre rapaz acabou tropeçando e caindo.

Levantou revoltado. Xingou Deus. Xingou o mundo. Xingou o governo. Era um xingador de primeira grandeza. Observador, nem tanto. Por isso, demorou para perceber: havia tropeçado numa bela e reluzente lâmpada.

Mas não era uma lâmpada qualquer. Era diferente, curvilínea.

Passado o susto, nosso protagonista começou a analisar o artefato. Parecia antigo, mas ainda assim era muito bonito, daqueles que a gente só vê no cinema. Sua curiosidade foi tanta que tentou de todas as formas abrir para ver o conteúdo da lâmpada. Tudo em vão.

Depois de muito tentar, foi pelo caminho mais óbvio nessas ocasiões: esfregar. “Vai que as histórias e lendas são verdadeiras, né?”, pensou Silvério. Sonhar não custa nada, mesmo que incrédulo. A sua torcida era para chutar a desconfiança pra longe e ser feliz com um gênio maravilhoso, que lhe daria toda a fortuna do mundo (e odaliscas também).

Pois bem, após o esfrega-esfrega, nada aconteceu. Ficou frustrado, mas era bem muito óbvio, ele sabia. Lâmpadas mágicas não existem.

Quando já tinha desistido, de repente, sentiu uma picada bem forte na palma da mão:

-- Ai! O que é isso?

De supetão, sem pestanejar nem dar tempo do nosso Silvério pensar, veio a resposta:

-- Sou eu, o gênio da lâmpada, e agora o senhor é o meu dono. Sou seu amo.

-- Gênio?! Assim desse jeito? Pensei que você fosse maior.

Era uma formiga. Maior que a média das formigas, mas uma formiga.

-- Bem, se você acha que tamanho é documento, então vou procurar outro para realizar os desejos.

-- Opa, espera! Tenho direito a desejos mesmo? Não é lenda?

-- Se eu estou dizendo...

-- Bem, então como é que funciona?

-- O negócio é o seguinte: vou te oferecer duas opções de desejos. Você terá que escolher uma delas, e eu a realizo. Simples.

-- Está bem, manda ver.

A formiga-gênio deu aquela pigarreada, limpou a garganta e começou:

-- Meu caro amo, preste bem atenção. Qual das duas opções você escolherá como desejo: te darei R$ 30 milhões (livres de impostos), mas a sua vida terminará daqui a cinco anos. Ou, como segunda alternativa, você receberá R$ 20 mil por mês (também livres de impostos), sem prazo exato para morrer. E aí?

O nosso amigo Silvério pediu licença ao gênio-formiga e começou a pensar. Por um lado, seria muito triste morrer já dali a cinco anos. Era pouquíssimo tempo de vida. Mas, por outro, nada garantia que não morreria amanhã, por exemplo, caso optasse pela segunda alternativa. Isso sem contar com as odaliscas, os iates, os carrões, as festas...

Pensou, pensou, pensou e, por fim, decidiu:

-- Caro Gênio, tomei uma decisão: ficarei com os R$ 30 milhões. Vou morrer daqui a 5 anos, mas que se dane. Curtirei muito até lá. Paciência.

E assim foi feito.

 O gênio-formiga fez uns ziriguiduns, proferiu umas palavras estranhas, umas bruxarias e, de repente, tchum: Silvério estava rodeado de ouro, muitas joias, kinder ovos e pilhas de notas de dinheiro. O rapaz não cabia em si de tanta alegria, chegou até a tomar um banho no melhor estilo “Tio Patinhas”. Inesquecível.

Tudo soava tão perfeito que parecia que estava sonhando. Resolveu se beliscar, para ter certeza da realidade.

Mas a realidade dói, assim como um beliscão.

Era de fato um sonho. A verdadeira história era muito mais real e menos emocionante.

Silvério apenas foi picado por uma formiga e acabou caindo no sono. Continuava na sua vidinha mais ou menos, sem luxo nem banhos de Tio Patinhas. Sem odaliscas. Sem nada. Nem a lâmpada era real.

Pobre rapaz, ao menos foi bom para ele aprender a ser malandro numa próxima vez.

Agora, cá entre nós, foi muita ingenuidade acreditar em gênios, ainda mais gênios-formigas. Silvério mereceu esse final: recheado de vazio, sem dinheiro e picado por um inseto nada genial.

Moral da história: sonhar não custa nada, e é a única atividade realmente livre de impostos, por enquanto. 



segunda-feira, 1 de abril de 2013

Seção Livro da Semana

Alô, rapaziada.

O livro desta semana é de uma grande mestre do suspense. Sim, senhoras e senhores, estou falando de Agatha Christie e de um de seus mais famosos livros: "A Morte no Nilo".

A história, publicada em 1937, se passa no Egito, envolvendo turistas da alta classe a bordo de um barco que passeia pelo próprio rio Nilo. E é em meio a esse contexto que acontece um assassinato da jovem rica, Linnet Ridgeway.

Tal assassinato desencadeia uma série de intrigas, jogos de poder e descoberta de segredos muito bem emaranhados e articulados pela escritora, através do seu grande e fiel protagonista, o investigador belga Hercule Poirot.

Pois bem, eu tenho um carinho todo especial por essa obra, pois foi praticamente a que me apresentou o mundo literário pós-Harry Potter. Eu tinha 15 anos quando ganhei de um tio este livro, nessa mesma edição da imagem dessa postagem. Deixei a obra ali, um pouco esquecida, relutante, até que, depois de quase um ano, resolvi me aventurar. E foi uma bela ideia. 

Dali em diante, não parei mais de ler Agatha Christie. Dali em diante, não parei mais de ler.