Acordei hoje num tédio só. Não sei muito
bem o que quero fazer nem se quero realmente fazer algo da vida. Prefiro ficar
aqui na minha, pensando, divagando, vendo tudo passar. A preguiça me consome
por completo. Falta disposição para agir. Falta tudo. Estou carente. Estou
sozinha. Ninguém para conversar. Nem poderia, na verdade. Sou extremamente
limitada para essas coisas.
De
todo modo, estou com muita vontade de desabafar. Esse vazio, esse
sentimento de nada, tem um motivo. Ou melhor, tem um nome: Tomás. Seu sorriso,
sua simpatia e simplicidade me conquistaram logo de cara quando nos encontramos
na praça. Posso dizer, do alto da minha larga experiência, que foi amor à
primeira vista. Só não sei se foi recíproco. Na verdade, sei que não foi, mas
não quero admitir. Ele não está nem aí pra mim. Tenho feeling pra essas coisas. Nessas horas gostaria de não ter.
Não
me conformo. Meu pai diz o tempo todo que sou linda, inteligente e simpática.
Devo ser mesmo. Chamo a atenção de todos. Na minha família sou a xodó. Todo
mundo me elogia o tempo inteiro. Não só na família. Na rua também. Modéstia à
parte, acho que sou um arraso. Só o Tomás não percebe. Que tristeza. Ele só quer
saber daquela outra mulher, toda alta, que não o larga em momento algum. Sempre que os vejo,
lá estão os dois passeando no carrinho idiota dele pra lá e pra cá. Que ódio!
Por
que eu não posso ser feliz com o meu grande amor? Tenho certeza de que ele é a
minha alma gêmea. Já falei que tenho feeling
pra essas coisas? Não poderia ser muito diferente, convenhamos. Tenho um
grande exemplo em casa. Meus pais são muito bem casados, muito apaixonados, eu
acho. Vejo os dois sempre muito bem, sorriem pra mim o tempo todo, me fazem
sentir a melhor pessoa do mundo. Sou uma felizarda por isso. Quer dizer, mais
ou menos. Isso me mostra o quanto estou perdendo tempo enquanto não conquisto o
Tomás de vez.
Tenho sempre muita vontade de chorar. Vontade de gritar para o mundo, não só o meu amor por
ele, mas também tudo que vem me corroendo há pelo menos um ano, quando saí daquele breu solitário em que me encontrava. Não consigo. A
voz não sai. Só grunhidos e sons estranhos. Que saco! Acho
que nunca vou entender o que tenho de diferente dos outros à minha volta. São
todos muito grandes, muito seguros de si, muito desenvolvidos. Por que não posso
ser como eles? Qual o problema comigo? Será que, se eu for assim um dia, o Tomás
irá me querer?
Preciso parar com isso. Não está me fazendo bem. Pensar no Tomás o tempo todo não me faz melhorar em nada, só sofrer. Tenho uma vida inteira pela frente e me considero madura o bastante para virar esse jogo.
Quero dar uma volta, passear, mas me falta alguma coisa. Andar é um exercício
muito complicado atualmente. Sempre foi, mas agora está pior. Meus movimentos,
antes inexistentes, agora esboçam um início. Mas tento inúmeras vezes e torno a
cair. Tenho certeza de que um dia vou conseguir. Conteúdo é o que me falta.
Aposto que tudo mudará quando eu completar dois anos de vida. Serei bem mais madura. Uma moça. Tenho feeling pra essas coisas.
Agora
estou realmente com fome. Quero leite. Vou chorar pra mamãe. Depois vou nanar.
Espero sonhar com o Tomás para acordar chorando novamente.
Muito bom. Achei seu blog pelo twitter. Gostei muito do texto! Demorei pra sacar que era um neném..kkkk
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