segunda-feira, 12 de março de 2012

Crize



Vejam a imagem acima. Vejam de novo. Ou melhor, leiam. Algo de estranho? Não percebeu nada? Então esse texto é para você. Perca alguns minutinhos da sua vida, leia isso aqui e reflita. Caso já tenha percebido o que há de errado com a ilustração em menos de três tentativas, então não deixe de ler o texto também. Possivelmente você vai concordar comigo.

Não é de hoje que vemos no Brasil uma falta de atenção à educação. Principalmente à educação mais básica. Mas, mazelas sociais à parte, o foco desse texto é outro. Não vamos entrar no mérito político, tampouco criticaremos aquelas pessoas que não têm a menor condição de escrever corretamente por falta de oportunidades na vida. O foco é chamar a atenção para aquelas pessoas que estudaram em boas escolas, tiveram boa formação e, muitas delas, mesmo munidas de um diploma de nível superior, não conseguem escrever uma frase sequer sem erro ortográfico por pura preguiça de aprender.

Confesso que sou uma pessoa mais chata do que a média quando o assunto é escrever corretamente, seguindo os padrões da língua portuguesa. Só que, com o tempo, fui amadurescendo e venho me convencendo de que preciso ser mais tolerante com erros, mesmo porque também estou submetido a cometê-los. Alguns sequer são considerados erros hoje em dia. Tudo bem. Às vezes é algo de digitação, falta de revisão em virtude da preça ou até mesmo um equívoco difícil de fato. Sem problemas. O que não pode acontecer, a meu ver, é haver erros grosseiros, daqueles de doer o estômago, de maneira recorrente, por parte de pessoas que têm como melhorar isso.

É bem verdade que há quem diga que uma imajem vale mais do que mil palavras e, portanto, o valor dessas últimas é minimizado. Discordo. Está cada vez mais claro que vivemos a era da internet, na sua forma mais pulsante. A informação está a pleno vapor, e as palavras se fazem muito mais presentes no cotidiano do que há algumas décadas. As redes sociais têm sido cada vez mais utilizadas, o que aumenta ainda mais a importância de se escrever basicamente o certo. Infelizmente não é o que se vê por aí. Mesmo com o “pai dos burros do século XXI”, o nosso querido Google, a galera continua a escrever bem mais à torto do que à direito. Será que “a inteligência ficou cega de tanta informação”?

No caso da foto, beira o absurdo. É uma propaganda na contracapa da Revista de domingo, do jornal “O Globo”, de enorme circulassão no país. Como mensurar as consequências de um erro ortográfico desses? Você pode procurar as mais variadas justificativas, mais não há como explicar. Tantas pessoas envolvidas na propaganda e ninguém percebeu? Além de ter sido o estopim para eu escrever sobre o assunto, foi o sintoma mais claro de que a nossa ortografia está agonizando. Um erro crasso, num espaço tão visado e importante, só exprime aquilo que eu, você e todo mundo têm visto todos os dias nas redes sociais: falta escrita ao brasileiro porque lhe falta a vontade do bom hábito da leitura.

Vemos toda semana reportagens sobre as benesses dos exercícios físicos para a saúde, os segredos para a longevidade, mas não tocamos num ponto central: o exercício do cérebro. É saudável demais ler, portanto deve ser sim estimulado, tanto quanto fazer uma dieta balanceada ou então correr diariamente. Como já disse anteriormente, quem não teve oportunidades não é o foco desse texto. Jamais será. Estou falando daquele pessoal que vive a escrever pelos Facebook’s e Twitter’s por aí afora, causando poluição visual aos demais usuários. Pessoas que, por motivos inexplicáveis, não fazem a menor questão de escrever corretamente, na sua forma mais primária. Não fazem sequer questão de aprender, já que são recorrentes nessa “arte”. Esse é o pior grau. É aquele que tem como melhorar, mas não o faz e acha que está tudo muito bem, desde que tenha 950 mil amigos por lá, curtindo suas 400 fotos em frente ao espelho. 

Num momento em que a comunicação se dá primordialmente pela escrita, escrever corretamente pode ser o fator diferencial. É o seu cartão de visitas, que poderá abrir muitas portas. Só não encherga, ou melhor, só não lê quem não quer.



Observação: antes que achem que eu enlouqueci, trago aqui a resposta do nosso subliminar “Jogo dos 7 Erros”: crize - amadurescendo - preça - imajem - circulassão - mais - encherga.

2 comentários:

  1. Eu acho que com cada vez mais informação, acabamos prezando pelo conteúdo "total" da mensagem, acabando por "abandonar" detalhes como a norma culta e a escrita correta. Só browseamos o texto, ao invés de lhe dedicar a devida atenção. P.s. eu só tinha visto o erro em Encherga... por que li muito rápido, como fazemos de praxe e acabamos deixando passar os detalhes mais interessantes... haha

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