Cada vez mais tenho certeza de que
vivemos num estado permanente de bang-bang. Tudo parece que se “resolve” na
base da violência. Do tiro para assassinar. Da facada para ferir. Da porrada para
bater na cara mesmo, sem frescuras, sem escrúpulos. Sem cérebro também.
Lamentável e animalesco. Um espetáculo trágico e atual da nossa vida real. Um
ciclo sem fim, porque gotas de sangue e narizes quebrados não modificam nada na
prática.
A teoria darwinista da evolução aponta
que o homem se desenvolveu de um status originalmente primata. Parece senso
comum a ideia de que viemos do macaco, ou seja, de que éramos completos animais
para nos tornarmos o que somos hoje. Mas o que somos hoje, na realidade? Não
tenho tanta certeza assim sobre a nossa humanidade.
O tempo vai passando, os anos vão
andando, passam-se décadas, séculos, milênios, e o ser humano teima em ver o
uso da força, da briga bruta e física, do fogo queimado, como um objetivo para
mostrar quem manda no pedaço. Um aviso. Uma execução. E a vida continua. Cavernas,
guerras, trevas, bárbaros e mais guerras. Aquela ideia de que evoluímos do
macaco não me parece muito exata. Parece que os instintos animais, para muitos
de nós, são ainda mais ativos do que o privilegiado uso do cérebro que
deveríamos preservar.
Não sou daqueles pacifistas nem
candidato a Miss Brasil para querer a paz mundial. É utopia, claro. Muita gente
gera muitos interesses, divergências, brigas, impulsos e, é claro, idiotas.
Porém nunca me convenceu (e acho que nunca me convencerá) a utilização da força
para resolver problemas. Como se a pancada fosse o fim em si mesmo. O alcance do
objetivo. O importante é machucar, ferir, matar. Que se danem as consequências.
Qual é, então, a nossa diferença para os animais? Difícil perceber. Acho até
que estamos em desvantagem.
Um exemplo do uso da força a troco de
nada pode ser percebido em shows, micaretas e boates de todo o país. Se não
fosse algo tão comum e reiterado, seria chocante pararmos para analisar como
homens, em um elevado percentual, fazem para se aproximar das mulheres nessa
ocasião. Muitos deles primeiramente olham como se fosse uma presa. É o tal
instinto animal. Depois tentam uma ação mais agressiva, às vezes puxando o cabelo,
às vezes agarrando a cintura. Toda vez que vejo cenas assim me pergunto: como
alguém pode achar isso certo? Como não perceber que é um tremendo desrespeito?
Esse cara não tem mãe?
Outro exemplo de violência bruta, mas
bem mais grave, de proporções trágicas, são as brigas envolvendo torcidas de
futebol. Toda semana há notícias de brigas e até mortes, não só no Brasil, mas
nos mais variados países, indo do Egito à Inglaterra. Tudo bem, o futebol
envolve paixão, emoção, impulso. Eu sei disso, também sou grande fã do esporte,
mas há um limite. Tem uma hora que devemos parar para pensar e usar a nossa
consciência. É para isso que a temos. Será que essa galera que se mete em briga
para pra pensar na imbecilidade (não vejo outra palavra) que estão fazendo? O
que se passa na cabeça dessa gente? Deve ser algo do tipo “vou bater pra...hmmm...ah, sei lá!!!!
Porrada!!!!!”. Deve ser isso.
Não sou uma pessoa exatamente
religiosa, mas acredito em Deus. Acredito numa força divina e superior. Mais do
que uma certeza concreta (obviamente nunca estive em Sua presença), crer dessa
forma é um conforto. Como não torcer para que o cara que executou outra pessoa
à mão armada por mero interesse material não seja punido, lá na frente, num
plano imaterial? É um consolo, pelo menos.
Não deixa de ser irônico misturar duas
crenças tão distintas. Começamos o texto com os homens-primatas de Darwin para
terminar com a fé de que Alguém lá em cima está olhando por nós e aparando as
arestas. O fato é que acreditar nisso minimiza o vazio que sinto ao tentar
entender o que se passa com essa gente. Porque, na verdade, não entendo mesmo.
Jamais vou entender e estou escrevendo para compartilhar o meu desentendimento
sobre essa aberração da consciência humana. Me ajudem. Haja força para evoluir.
Haja fé para acreditar. Amém.
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