domingo, 5 de janeiro de 2014

Ralação Conjugal

— Querido, assim não.

— Mas por que não?

— Não está encaixado direito.

— Para mim, está. É só forçar um pouco que vai.

— Tem que ser no jeito, não na força.

— No jeito, a gente não vai sair do lugar.

— Você não está vendo pela minha perspectiva.

— E precisa? Tá certinho, vai. Relaxa.

— Assim não vai rolar. Impressionante como você não me escuta.

—Por que não vai rolar? Está te doendo alguma coisa?

— Não, claro que não.

— Então pronto, fica quietinha. Deixa eu me concentrar aqui para fazer direito.

— Mas você já começou errado.

— Quer parar de encher o saco?

— Nossa, seu grosso. Não precisa mais não.

— Você acha que eu faço o trabalho pela metade? Não foi assim que meu pai me ensinou não.

— Então se vira aí sozinho, nem apoio moral eu vou te dar. Já até fiquei com dor de cabeça.

— Ótimo, não preciso de você mesmo.

— Como é que eu fui me casar com um ogro desses?!

— Olha só, eu to tentando fazer direito, vai continuar me amolando?

— Ainda está tentando? Nem reparei.

— Muito engraçadinha. Para o seu governo, saiba que agora tá indo, olha...

— Boa. Senti firmeza, querido. Se concentra.

— Tô me concentrando.

— Isso, vai!

— Tô indo!

— Vai, vai!

— Pronto, consegui!

—Maravilha! Obrigada, amor. Agora que você conseguiu abrir esse maldito vidro de palmito, me ajuda a descascar as batatas?







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