—
Querido, assim não.
—
Mas por que não?
—
Não está encaixado direito.
—
Para mim, está. É só forçar um pouco que vai.
— Tem
que ser no jeito, não na força.
— No
jeito, a gente não vai sair do lugar.
— Você
não está vendo pela minha perspectiva.
— E
precisa? Tá certinho, vai. Relaxa.
— Assim
não vai rolar. Impressionante como você não me escuta.
—Por
que não vai rolar? Está te doendo alguma coisa?
—
Não, claro que não.
—
Então pronto, fica quietinha. Deixa eu me concentrar aqui para fazer direito.
—
Mas você já começou errado.
—
Quer parar de encher o saco?
—
Nossa, seu grosso. Não precisa mais não.
—
Você acha que eu faço o trabalho pela metade? Não foi assim que meu pai me
ensinou não.
—
Então se vira aí sozinho, nem apoio moral eu vou te dar. Já até fiquei com dor
de cabeça.
—
Ótimo, não preciso de você mesmo.
—
Como é que eu fui me casar com um ogro desses?!
—
Olha só, eu to tentando fazer direito, vai continuar me amolando?
—
Ainda está tentando? Nem reparei.
—
Muito engraçadinha. Para o seu governo, saiba que agora tá indo, olha...
— Boa.
Senti firmeza, querido. Se concentra.
— Tô
me concentrando.
—
Isso, vai!
— Tô
indo!
—
Vai, vai!
— Pronto,
consegui!
—Maravilha! Obrigada, amor. Agora que você conseguiu abrir esse maldito vidro de palmito, me ajuda a descascar as batatas?
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